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O desastre de La lys - Portugal na I Grande Guerra


Batalha de La LysBatalha de La Lys

Há 91 anos os soldados e sargentos que se encontravam nas trincheiras da Flandres, desataram a correr assim que viram os soldados do Exército Imperial Alemão a meio da terra de ninguém. Os seus oficiais, aqueles que ainda não haviam desertado a coberto de uma qualquer licença, já haviam há muito abandonado os seus confortáveis quartéis.
Para trás ficaram 7 000 baixas, entre mortos, feridos e prisioneiros.

Ao fim do dia apenas restou a vergonha de todo um corpo de exército relegado para trabalhos braçais na retaguarda até ao dia 11 de Novembro.
O desastre de La lys não foi nenhuma novidade. Estava anunciado havia muito. Mais precisamente desde que, em 1916 o governo de Afonso Costa, acossado por todos os lados, declara guerra à Alemanha, na tentativa de inventar um inimigo externo que desviasse as atenções dos problemas internos.
Nesse dia ficou traçado o destino de milhares de Portugueses: um exército depauperado, comandado por oficiais incompetentes, cuja promoção dependia das simpatias políticas, iniciou em Tancos uma preparação para uma guerra inexistente, chamada pomposamente de “Milagre de Tancos”. Esse “Milagre”, vendido pelos jacobinos republicanos à opinião pública, como os milagres da Igreja do Reino de Deus, terminou assim que os membros do Corpo Expedicionário Português (CEP), cheios de Febre Tifóide desembarcaram em Brest, obrigando os aliados a confiná-los em quarentena afim de evitar uma epidemia catastrófica. O horror do aliados aumentou ainda mais, quando descobriram que todos os militares dos regimentos de metralhadoras, desconheciam em absoluto o funcionamento da metralhadora Lewis, o padrão dos aliados, e que os artilheiros ficavam embasbacados com a visão de uma peça de grande calibre.
Nos campos da Flandres teve de ser realizado novamente e a partir do zero, o treino para a guerra de trincheiras.
Sem meios para assistir o exército em França (Portugal apenas tinha dois velhos navios de transporte e nenhum de escolta), e dependente da boa vontade e paciência Britânica, o CEP ficou entregue à sua sorte, sem material nem reforços assim que começou o transporte do exército Norte-Americano para a Europa, fazendo com que os pobres praças Portugueses apodrecessem na lama e frio das trincheiras durante oito meses, quando os seus aliados e inimigos realizavam turnos de 30 dias.
Os oficias, esses, estiveram sempre bem instalados, atrás de secretárias, sempre com licenças para passeatas em Paris-Plage. Aqueles com boas ligações políticas conseguiam uma licença para visitar a família em Portugal, o que sempre significava uma viagem de ida sem volta.
Não admira por isso que, na madrugada de 9 de Abril de 1918, os praças Portugueses tenham atirado as espingardas para o chão, e fugido.
Foi a corrida pelas suas vidas. Foi a única coisa honesta que podiam ter feito.
Fugir a sete pés era a única coisa que uma República, que pouco ou nada se importou com eles, merecia.

Luís Bonifácio

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