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Antes e Depois


Antes de 1910, um dos passatempos favoritos dos paladinos da república era o insulto aos símbolos nacionais e ao Chefe do Estado. Se algum magistrado se atrevesse a levá-los a julgamento, transformava-se em alvo de toda a artilharia insultuosa da imprensa republicana, que impunemente chamava “verdugos mascarados de juizes”, “arruaceiros”, “loucos”, “insultadores da justiça” ou “agentes do crime triunfante” a todos aqueles que intervinham nos seus julgamentos (Archivo Republicano). 


Depois:

Respeitinho à força – Desde os primeiros tempos do novo regime tornou-se grave infracção à lei qualquer ofensa ao hino, à bandeira ou ao presidente da república. A vigilância e punição dos infractores contava com o zelo das prestimosas brigadas de rua, ao mesmo tempo que a magistratura também se mostrava atenta à repressão de tamanhos “crimes”, sem cuidar da idade dos réus. Em 1912 foi levado a julgamento um aluno do liceu Passos Manuel por ter cuspido na bandeira da república. Absolvido pelo tribunal, foi de novo apresentado a julgamento alguns meses depois, e mais uma vez saiu absolvido. 

Em Setembro de 1912, os jornais “A Luta” e “A Humanidade” publicavam a seguinte notícia:

“Por causa da Portuguesa – Hontem, como de costume, realizou-se na Praça do Comercio, o concerto popular dos domingos que foi executado pela banda de infantaria 5, a qual foi muito aplaudida.
Ao ser executada a “Portuguesa”, deram-se as costumadas correrias em consequencia de um individuo se não ter descoberto ao hino nacional.
Varios populares prenderam o inconveniente, que foi conduzido para a esquadra da rua dos Capelistas.
Tendo tudo serenado, o individuo em questão foi depois mandado em paz”.

“A Humanidade” comentava este hábito de espancar aqueles que não tiravam o chapéu aos acordes da “Portuguesa”: “Temos notado ha um tempo a esta parte que, em se tocando em qualquer praça publica o hino nacional não pode deixar de ser acompanhado de … castanholas. É tal a predilecção pela lambada, que isto já tomou foros de mania”.

Carlos Bobone