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Amadeu de Souza Cardoso e a República


Nas fontes epistolográficas de Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918) encontramo-lo a fazer duras críticas à situação política (republicana) da sua época, registadas numa carta, datada de 13 de Dezembro de 1913, proveniente de Paris:[1]

(…) A política de hoje em dia é uma lástima de intrigas mesquinhas, donde provém sempre a indisciplina e desordem. Dai concluo que, ao lado das toupeiras sinistras da franco maçonaria, se destaca um homem claro, Poincaré, relativamente sympatico no seu campo de ação e fatalmente envolvido, situado pela horda pedreiro-livre (…)

Noutra carta, Amadeu “Amadeo de Souza Cardoso” manifesta claramente a sua crença monárquica, quando escreve ao tio Francisco, a 28 de Abril de 1914, de Paris[2]:

(…) Estas são razões que me dizem que Portugal não terminou essa raça de fôgo, e que não estamos hoje menos decadentes que no passado século. Ao contrário despertam-se sentimentos que dormiam, a velha paralysia esboça movimentos.

São poucos, mas há portuguêzes de Portugal que sabem ser monárquicos, enxovalhamos o trono, por queremos sê-lo sem saber sofremos ainda a Republica e por ser e saber sê-lo depende o bem da pátria (…)

[1] PAMPLONA, Fernando de – Chave da pintura de Amadeo: as ideias estéticas de Sousa-Cardoso através das suas cartas inéditas. Lisboa: Guimarães Editora, 1983, p 66.
[2] Idem, p 68

Contribuição de Luis Pimenta de Castro Damásio - Historiador /investigador